Títulos e thumbnails explicados
O guia que você precisa para criar bons títulos e boas thumbs em vídeos no seu YouTube.
O YouTube quer que você trabalhe e vença. O Instagram só quer sugar a sua alma para que, sugando, você esteja com o app aberto e visualize cada vez mais anúncios para encher o bolso deles — e somente deles. Para sair dessa loucura, resolvi falar tudo o que eu sei sobre as famosas thumbnails e os títulos no YouTube.
É claro que a maioria dos criadores de conteúdo — ou melhor, os seres humanos em geral — tentam terceirizar a culpa para o algoritmo, a plataforma e qualquer outra coisa que seja. No caso dos criadores, concordo quando falamos em Instagram. Porém, quando o YouTube entra na jogada, a coisa começa a ficar diferente. Além de tudo funcionar de uma forma oposta ao que estamos acostumados no Instagram, o YouTube oferece métricas e acompanhamentos, e prova, por A+B, que está tentando te ajudar impulsionando o seu vídeo, mas talvez o seu trabalho não esteja lá tão bom quanto você espera. Para exemplificar melhor, eu resolvi até abrir as métricas do meu próprio canal — logo, logo eu te mostro!
Antes disso, deixe anotado na sua cabecinha:
Essa foi a melhor publicação dos últimos meses no meu Instagram. 83 contas alcançadas. 108 impressões. A maioria seguidores (tenho 150, se não me engano). Doze curtidas.
Numa publicação normal, como a que anexo abaixo, é isso que o Instagram de entrega.
Dos 150 e poucos, vinte receberam. Vinte. Três curtidas. Posso estar fazendo cagada? Claro! Mas como mencionei no parágrafo anterior, no time da terceirização de culpa ao Instagram, eu sou o camisa 10 e capitão! O problema do Instagram é que você precisa trabalhar com ele ($$$), não ele com você. Já no YouTube, como falei, é o contrário. E para isso acontecer, temos que saber como começar. Então, nada melhor do que falar das famosas thumbs e títulos.
Por que thumbnails e títulos?
Resumidamente, porque eles são o início. Seja na aba inicial, na barra de notificações, nas sugestões após o término de algum outro vídeo de algum outro canal, o que vai levar as pessoas a clicarem no seu vídeo é a thumb e o título. Isso é irremediável, não tem para onde fugir. Não existe nenhuma outra forma para mudar esse comportamento. Mesmo que alguém pegue o link, envie por mensagem direta a uma outra pessoa, essa pessoa só vai clicar se, olhando a thumb e o título, ela sentir o interesse pelo vídeo.
Portanto, isso torna a thumbnail e o título do vídeo extremamente importantes para dar o pontapé inicial e fazer o seu vídeo performar. Como já dizia Davig Ogilvy, 80 centavos do seu dólar estão nos títulos — porque é o local onde todos leem, e decidem se vão continuar —, por isso é preciso passar muito tempo escrevendo-os.
A thumb nada mais é do que um adereço ao título. Ela não conta nos fatores de busca e SEO, mas pode ajudar a concretizar a decisão do clique de cada uma das pessoas que passam pelo seu vídeo. Poderíamos chamar até de um título gráfico, já que é muito comum usar o espaço oferecido pelo YouTube para escrever além dos 100 caracteres dos títulos.
Antes de entrar propriamente no que torna um título e uma thumb bons, eu quero te mostrar — e provar — que o YouTube está disposto a te ajudar, basta você querer (e conseguir, óbvio). Para isso, como eu falei, decidi abrir algumas métricas do meu canal.
Veja esses dois exemplos de vídeos que tiveram quase o mesmo número de impressões:
A diferença aqui foi de 4% para 5,6% na taxa de cliques. Com quase a mesma entrega, os vídeos tiveram mil visualizações de diferença. Com o aumento de 1,6%, o vídeo foi entregue para mais de 7 mil pessoas e, claro, teve um aproveitamento maior entre a entrega e as visualizações. Por incrível que pareça, o vídeo 1, que teve menos entrega e menos visualizações, teve uma média de 1 minuto a mais de watch time, com 10 segundos de diferença entre o tempo de duração — o que pode provar que a taxa de cliques é bastante importante, e talvez mais do que o watchtime.
OBS: quando falamos de YouTube, apesar de ter acesso a todas as métricas possíveis, ninguém pode “cravar” nada sobre o que é mais importante, o que funciona melhor, etc. Mas podemos assimilar, como estou fazendo aqui.
Ou seja, nesse caso aqui, a diferença entre os dois foi única e exclusivamente a taxa de cliques de impressões. Quanto maior fosse a taxa, mais cliques eu teria, mais visualizações eu conseguiria e, assim, entraríamos no ciclo de recomendação para novos públicos que o YouTube pratica, tendo resultados como este:
Mesmo o seu pior vídeo também vai tentar ser entregue pelo YouTube, mas ele não pode fazer nada por você:
Uma taxa de cliques maior aqui, elevaria o vídeo a 200 visualizações — e tendo mais cliques, seria entregue para mais pessoas do que apenas duas mil. Percebe a congruência no processo? Uma coisa leva a outra, e você precisa ficar ligado nisso.
Todos os meus vídeos mais assistidos e mais entregues pelo YouTube tiveram cerca de 10% de taxa de cliques. Se um vídeo foi entregue para 200 mil pessoas e 11% delas clicaram, o YouTube enxerga isso como algo positivo. Se mais pessoas ainda tivessem clicado, significa que, se o YouTube continuar entregando este vídeo, mais pessoas podem clicar e mais anúncios eles podem rodar. É um trabalho conjunto. Então, pegue a primeira lição: se o vídeo for bom e alinhado com um público, ele vai performar bem.
Ah, claro: dentro de “performar bem” temos várias categorias, obviamente. Cada canal, cada público e cada vídeo dirá uma coisa. Algo que aprendi com esses anos trabalhando no YouTube é que um vídeo de sucesso é diferente para cada um. Para grandes influenciadores, vídeos com milhões de visualizações, que trazem mais de 100 mil inscritos para o canal e 300 mil reais de AdSense é um vídeo de sucesso, mas para um canal pequeno, um vídeo de sucesso é aquele que você realiza uma venda para pagar as contas do mês, que faz com que alguém conheça o seu canal que futuramente te trará uma boa oportunidade… ou simplesmente um vídeo que está performando melhor do que os outros que você vinha postando, logo, está melhorando.
Claro que só o título e a thumb, que gerarão as taxas de cliques das impressões não farão um vídeo viral — leia-se, que fura a sua bolha de inscritos e viewers. Mas acalme-se, tenho planejamentos para escrever mais sobre isso! Foquemos no título e thumbnail por enquanto.
O que um bom título e uma boa thumb precisam?
Existem vários fatores que podem influenciar um clique. O princípio é o mesmo para headlines de anúncios, H1 de uma página de vendas e o título de um e-mail: fisgar a atenção e instigar o clique. Dessa necessidade absurda do clique nasce o clickbait: você fala uma coisa, entrega outra. O problema é que ou você vai ficar malquisto por encher linguiça tempo suficiente para gerar um bom watchtime ou as pessoas vão se ligar na merda que você está fazendo e sairão do vídeo deixando um rombo de watchtime que vai acabar com a perfomance daquele vídeo.
Por isso, nada mais justo do que começarmos com:
Alinhamento
Sempre que você pensar em um vídeo, pense no tema, escreva o roteiro e depois pense num título que encaixe com aquilo. Nunca, jamais, em hipótese alguma cometa a cagada de fazer um título ou uma thumb que não condiz com aquilo que foi passado. Às vezes nem é por criar um clickbait, é por descuido, mesmo. Muita gente começa pensando primeiro no título e depois se empolga escrevendo e falando e sai do tema da redação do Enem, e acaba zerando na redação do YouTube.
Até por isso eu defendo os roteiros com unhas e dentes. Você vai ter uma base ou tudo, e não vai sair daquilo ali nem meio metro para cá, nem para lá. A atenção das pessoas é uma merda e qualquer viajada pode ser a fagulha que fará ela ir embora — ela e muitas outras.
Para resumir: o que você pode pegar dentro do tema que você está trabalhando naquele vídeo que vai chamar a atenção das pessoas?
Promessa
Uma das mais fáceis e usadas é a promessa, principalmente em conteúdos evergreen (inscreva-se aqui, vou ter que falar disso outra hora). Se eu sei fazer um bolo, com três ingredientes, que não vai ao forno, nem na geladeira e que um animal irracional consegue fazer, por que não inserir todas essas características no título e thumb para chamar a atenção?
Três ingredientes? Certamente eu tenho em casa!
Super fofinho? Então deve ser bom paracai!
Deliocoso e pão de ló?! Minhas expectativas foram atendidas. Vou assistir!
É basicamente esse o pensamento. Claro que irracionalmente porque ninguém está numa novela da Globo. Se puséssmos nessa thumb um “pronto em 20 minutos”, esquece!
Quanto maior a promessa, melhor é (percebe-se pelas views). O “problema” é manter a régua alta e entregar o que foi prometido:
Gancho
O gancho geralmente abre um loop de curiosidade que, se a pessoa for alguém normal e interessada no assunto, vai precisar assistir o vídeo para resolver esse probleminha com a curiosidade.
Por que a Netflix vai falir?
Por que a Netflix perdeu 2 milhões de assinantes?
Como um gesto pode fazer uma empresa perder dinheiro?
O que o CR7 tem a ver com a Coca-Cola?
Listas também caem muito bem no gancho. O simples fato de ter um ranking ou uma ordem, faz com que a pessoa queira chegar até o final para saber da informação completa.
Resolução de problemas
Os famosos tutoriais, da internet jurássica, funcionam até hoje. Desde tutoriais físicos, aqueles que você mostra o passo a passo sobre como montar algo até o simples ato de ensinar a alguém alguma coisa.
Eis uma das melhores que eu já vi:
Só com esse vídeo, o canal do Primo Pobre mudou para o resto da vida dele. Daí veio o hype, a fama, o dinheiro e o reconhecimento. Merecido! É um vídeo prático demais, com início, meio e fim e fundamentos. Ele disse que ia te ensinar como quitar o financiamento de 30 em 3 anos e mostrou, matematicamente, como isso é possível.
A resolução de problemas também sempre vêm acompanhada do famoso “como”, “na prática”, “passo a passo”. Nesse caso do Raul Martins, meu professor também, resolve um problema que muitas pessoas do nicho dele tem: as traduções de livros clássicos e importantes da história.
Sempre que você tentar fazer um título e thumb nessa pegada, deixe claro o problema, e também a resolução. No título o Raul fala sobre como escolher a MELHOR tradução, e na thumb ele deixa a entender que existem traduções lixos, que talvez não valham a pena a leitura. Além disso, esse vídeo performou MUITO melhor do que a média do Raul, e analisando título e thumb, tem tudo para performar bem pelos próximos anos.
Em azul, a perfomance do vídeo do
. Em cinza, o padrão do canal. Assim também analisamos temas, assuntos e títulos que podemos trabalhar melhor para vídeos performarem mais (mais uma vez te digo: inscreva-se, abordaremos isso em outro momento).Meu vídeo não está com boa taxa de cliques, o que fazer?
Bom, dá para trocar. Não sinta medo. Por várias vezes você vai errar no título, vai fazer aquela thumbzinha mequetrefe que não instiga ninguém e… beleza. É isso. Esse é o processo. Mas não quer dizer que, só por ter postado daquele jeito, que o vídeo precisa ficar assim.
Geralmente vídeos que não são timming posts, que poderão performar independente do contexto, valem esse esforço de repaginação de thumbs e títulos. Por exemplo: o vídeo do Cristiano Ronaldo e Coca-Cola aconteceu na Copa do Mundo de 2022; não faria nenhum sentido, seis meses depois, alterar a thumb para ver se mudaria algo. O contexto já foi, o hype já passou. Já o vídeo do Raul sobre traduções, que funcionará para qualquer pessoa em qualquer período, poderia, seis meses depois, ter alguma mudança.
Só que, ao longo do tempo, e quanto mais você produz e entende a plataforma, menos você vai se importar com isso. Eu realmente não acredito que alguém deva dar mais importância a mudança do título e thumb do que a criação do próximo vídeo; salvo os casos que você realmente errou e, depois de assistir o vídeo, entendeu que poderia chamar a atenção de outra forma. Faz parte, acontece.
Então, dou como concluída o princípio do YouTube: fazer as pessoas clicarem no que você está produzindo. Você entendeu que o YouTube trabalha ao seu favor, junto de você, já que ambos ganham. Você entendeu que, mesmo seu vídeo sendo horrível, ele vai tentar encontrar pessoas que gostem daquele vídeo para você. E por fim, entendeu como é possível criar um título e uma thumb da melhor maneira possível.
Nos próximos passos poderemos abordar a questão do watchtime. Ou de SEO. Ou das diferentes funções dentro do YouTube, como Comunidades, lives, etc. Bom, são muitos temas e eu estou disposto a criar pelo menos trinta textos antes de começar a brincar por aqui — e cobrar por isso.
Agradeço por chegar até aqui. Nos vemos por aí.
J. Franchini
Você não faz ideia do tanto que esclareceu a dificuldade que eu tenho nessa parte de compreender como melhorar a forma de criar a thumb João. Percebi que sou a que cria o título e empolga na fala HAHA.
Darei mais atenção ao roteiro e me manterei atenta aos próximos textos porque o Youtube é minha rede principal atual e dada a sua experiência e sua forma esclarecida de expor por aqui, feliz estou por aprender contigo!